SAÚDE BUSCA CASOS DE HANSENÍASE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A ação será realizada em 45 mil escolas de 2.290 municípios brasileiros. Além de hanseníase, os estudantes também serão tratados para tracoma e verminose.

A partir desta segunda-feira (10), agentes comunitários de saúde e equipes do Programa Saúde da Família de 2.290 municípios vão percorrer escolas para diagnosticar e tratar hanseníase, tracoma e verminose em alunos de cinco a 14 anos. Mais de oito milhões de crianças e adolescentes serão avaliadas na ação, como parte da terceira edição da “Campanha Nacional de Hanseníase, Geo-helmintíases e Tracoma”, do Ministério da Saúde.

Os profissionais visitarão as escolas em busca de alunos que apresentem sinais e sintomas das doenças. Com isso, o Ministério da Saúde espera aumentar o diagnóstico precoce e identificar comunidades em que a hanseníase, tracoma e verminoses ainda persistem. Os casos suspeitos serão encaminhados à rede básica de saúde para confirmação e início imediato do tratamento.

Serão distribuídas 8,5 milhões fichas de autoimagem para as 45,1 mil escolas que participam da campanha. Nas fichas, com desenho do corpo humano, os responsáveis vão marcar onde as crianças possuem qualquer tipo de machas na pele, para serem avaliadas pelas equipes da atenção básica.  

Diante de um diagnóstico positivo de hanseníase, será possível descobrir se há outros casos na família ou comunidade, evitando a transmissão da doença. “Quando uma criança está com hanseníase, significa que alguém do convívio dela também tem a doença. Por isso, os profissionais de saúde também vão examinar familiares e outras pessoas do mesmo convívio. A hanseníase tem cura e a transmissão é interrompida já no início do tratamento”, explica o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Antônio Nardis.  

NOVA TERAPIA – Como medida de reforço para interromper a cadeia de transmissão, o Ministério da Saúde está adotando, ainda neste segundo semestre, a terapia preventiva da hanseníase aos contatos de casos diagnosticados com a doença. A iniciativa começará em treze municípios de três estados com alta carga da doença: Pernambuco, Mato Grosso e Tocantins.

A estratégia busca ampliar a cobertura de exames de contatos. Ou seja, a cada novo diagnóstico, o serviço de saúde vai identificar e tratar, no mínimo, 20 contatos, entre pessoas que vivem na mesma casa, na vizinhança e outros contatos sociais. Mesmo sem ter sintomas da doença, a pessoa receberá uma dose única de antibiótico.

Segundo o secretário, o tratamento de prevenção pode ser usado como uma intervenção adicional para a redução da transmissão da hanseníase. Estudo mostra que a profilaxia pode reduzir em 60% a incidência da doença e em 57% o risco de hanseníase em contatos de pacientes diagnosticados durante um período de dois anos. “O exame de contatos é extremamente importante para a detecção de casos novos. Mas, embora seja uma intervenção simples, incorporar a estratégia aos programas de hanseníase requer planejamento para não haja estigma às pessoas com diagnóstico positivo. Por isso, adotamos a estratégia piloto para avaliar a operacionalidade da medida como mais um reforço na redução da doença no Brasil”, explica Nardi. Cerca de 41 mil pessoas deverão usar a profilaxia nestes municípios.

Tracoma e verminose – Realizada em conjunto com as prefeituras, a campanha, que também combate tracoma e verminose, é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por tratar, de forma conjunta, as três doenças. A ação, inclusive, serve de modelo para outros países. Neste ano, o número de municípios participantes aumentou 168% em comparação com a primeira edição, em 2013, quando 852 cidades realizaram a mobilização. No ano passado, 1.944 municípios participaram da ação. Para a realização da campanha, o Ministério da Saúde repassou, no total, R$ 15,6 milhões a estados e municípios.

A iniciativa pretende reduzir a carga das verminoses (parasitas intestinais conhecidos como lombrigas), que causam anemia, dor abdominal e diarreia, com o uso de vermífugo preventivo. Esses parasitas podem prejudicar o desenvolvimento e o rendimento escolar da criança. 

Mais de 580 municípios também farão busca de casos de tracoma, por meio de exame dos olhos. O tratamento é com dose única de antibiótico para os casos positivos e seus contatos próximos.

CAMPANHA 2014 – Na segunda edição da Campanha Nacional de Hanseníase, Geo-helmintíases e Tracoma – realizada no ano passado – dos 5,6 milhões de estudantes que receberam a ficha de autoimagem, 4,1 milhões responderam, representando 74% do total. Destes alunos, 5,6% (231.247) foram encaminhados às unidades de saúde para esclarecimento do diagnóstico. Depois de passarem por exames clínicos, 354 crianças foram diagnosticadas com hanseníase, representando 0,15%.

Os contatos destas crianças também são registrados e examinados. Nesse sentido, houve diagnóstico em 73 contatos intradomiciliares dos casos novos diagnosticados na campanha. Do quantitativo de escolares identificados como casos sugestivos de hanseníase ou com diagnóstico confirmado pelas unidades de saúde, cinco estados responderam por mais de 80% do total de casos diagnosticados, sendo eles: Pará, Mato Grosso, Maranhão, Bahia e Pernambuco. Na Campanha, também foram tratados 4.754.092 alunos para verminoses e 25.173 escolares foram diagnosticados para tracoma.

REDUÇÃO DE CASOS – A taxa de prevalência de hanseníase caiu 25,7% em 10 anos, no Brasil, passando de 1,71 pessoas em tratamento por 10 mil habitantes, em 2004, para 1,27 por 10 mil habitantes, em 2013. A queda é resultado das ações voltadas para a eliminação da doença, intensificada nos últimos anos.

Em 2014, o Ministério da Saúde registrou 31 mil casos novos da doença, com coeficiente de detecção de 15,32/100 mil habitantes. Já em 2004, foram notificados 50,5 mil novos casos, com incidência de 28,25/100 mil habitantes – uma redução de 38,5%. Em menores de 15 anos, foram 2.341 casos, em 2014, e 4.075, em 2004. As áreas de maior risco de adoecimento estão concentradas em Rondônia, Pará, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Em 2004, 67,3% das pessoas que faziam tratamento para hanseníase se curaram. Já em 2014, esse número saltou para 82,7%. O número de contatos examinados também aumentou de 45,5% para 76,6%, no mesmo período.

Fonte: www.saude.gov.br 

ENTREVISTA COM ANA LÚCIA DA SILVA – Coordenadora local do Curso de Especialização e de Aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CGTES) no Mato Grosso do Sul

 

Ana Lúcia da Silva é mineira. Concursada como sanitarista, integra o corpo técnico da Escola de Saúde Pública do Mato Grosso do Sul. Mestra em Gestão do Trabalho em Educação da Saúde, especialista em Gestão do trabalho da Educação da Saúde pelo Curso Internacional de Política de Recursos Humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS) para os países andinos (CIRHUS) e especialista em Economia da Saúde pela Universidade de São Paulo – USP, Educação a Distância (EAD). Tutora e coordenadora estadual do Curso de Especialização e de Aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CGTES) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) na Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde no Ministério da Educação (MEC). Ana Lúcia também é representante da Secretaria de Saúde do Estado do Mato Grosso do Sul na câmara técnica de gestão de trabalho e educação da saúde do CONASS. A entrevista foi concedida ao jornalista Gustavo Sobral, membro do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Observatório RH-UFRN), em junho de 2015.

Observatório RH: Qual a situação da gestão do trabalho e da educação em saúde no Estado do Mato Grosso do Sul?

Ana Lúcia: Estamos vivenciando uma fase interessante. Quando fiz o CIRHUS, em 2008, a proposição para o trabalho de conclusão de curso foi a de implantar uma diretoria geral em gestão do trabalho e educação na saúde na secretaria de Estado, e agora em 2015 foi implantada a Superintendência Geral de Gestão do Trabalho em Educação em Saúde, que, para nós, está se descortinando em uma fase interessante e esperada, pois a gestão do trabalho em saúde e a educação do trabalho em saúde formaram uma superintendência única, e assim estamos numa perspectiva de melhorar a integração nas duas áreas.

Observatório RH: Qual a importância do curso de gestão do trabalho em saúde para o cenário nacional?

Ana Lúcia: Este curso de gestão de trabalho atende a expectativa de quem já milita na área há um tempo, tentando aumentar a massa crítica em relação ao trabalho das secretarias municipais de saúde para que deixe de ser um tema, uma abordagem teórica, para se transformar numa execução, na pratica.

Observatório RH: Qual a importância do curso de especialização em gestão do trabalho em saúde para o Mato Grosso do Sul?

Ana Lúcia: Por ser um estado relativamente novo, criado em 1974, e instalado na verdade em 1979, e os municípios serem pequenos, mais de 60% dos municípios tem menos de 20 mil habitantes, a estrutura das secretarias municipais de saúde é muito pequena, por isso, a gestão do trabalho acaba sendo centralizada na prefeitura e as secretarias municipais de saúde acabam ficando normativamente vinculadas as secretarias de administração do município e não a secretaria de origem. Por isso, voltamos o curso para os agentes da secretaria municipal, dos hospitais do SUS e da secretaria de Estado. A importância do curso é disseminar a gestão de trabalho para as secretarias municipais de saúde e os hospitais com o sentido de formar uma rede de informações estadual e assim não só fornecer referências aos gestores, mas também ao disseminar o conhecimento sobre o tema, estimular a implantação da gestão de trabalho nas secretarias municipais de saúde.

Observatório RH: Quais os projetos de intervenção você espera que sejam desenvolvidos como resultado do curso?

Ana Lúcia: A minha expectativa é que a grande maioria dos trabalhos seja de implantação de uma estrutura de trabalho nas secretarias municipais de saúde, porque as secretarias que tem um sistema de gestão do trabalho e uma estrutura adequada são as dos municípios maiores e também espero que haja o fortalecimento da implantação das mesas de negociação, proposta que já vem sendo trabalhada pela mesa estadual de negociação. Em resumo, vislumbro que sejam de fato trabalhos factíveis e voltados para essas duas direções, a implantação de uma estrutura de gestão e o fortalecimento da Mesa de Negociação.

GOVERNO OFERTA TRÊS MIL BOLSAS DE RESIDÊNCIA PARA MEDICINA DE FAMÍLIA

Os profissionais graduados em Medicina terão mais oportunidades para se especializar. O governo federal anuncia nesta terça-feira (4) a criação de mais três mil bolsas de residência médica no país. Das novas vagas, 75% são para ampliar a formação de médicos especialistas em Medicina Geral de Família e Comunidade, que atuam mais perto da população. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão prioridade nas bolsas para corrigir o déficit histórico de profissionais nessas regiões. A medida integra o Programa Mais Médicos, voltado à expansão e à melhoria da formação médica.

Entre as bolsas criadas, duas mil serão financiadas pelo Ministério da Saúde e mil pelo Ministério da Educação. A oferta é feita por meio do Programa Nacional de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas Estratégicas – Pró-Residência, que estimula a expansão de vagas da residência médica, com foco nas especialidades estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS). As instituições interessadas em ampliar suas vagas poderão se inscrever entre 10 de agosto e 4 de outubro de 2015. Também foi autorizada a contratação de 880 professores para atuar nas universidades federais que abriram novas vagas nos cursos de Medicina ou que criaram novas faculdades.

Além das bolsas e das vagas docentes, as políticas voltadas à formação de profissionais especialistas ganham mais um impulso com a regulamentação do Cadastro Nacional de Especialistas, que reunirá informações de todos os médicos especialistas registrados no país. As diretrizes do banco inédito serão definidas em Decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff

“A parceria entre Saúde e Educação tem sido expressiva para consolidar o nosso Sistema Único de Saúde. O Mais Médicos vai além de atender as pessoas, o programa tem outros dois eixos tão importantes, como a melhoria do SUS e a formação qualificadas dos novos profissionais de medicina. Com o andamento do programa, ja estamos conseguindo alguns indicadores como a redução da mortalidade infantil, mas queremos ampliar os impactos.” destacou a presidenta.

Previsto na Lei do Mais Médicos, o cadastro vai englobar as informações do Ministério da Educação, do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar, da Associação Médica Brasileira e no Conselho Federal de Medicina. O principal objetivo é aprimorar o planejamento para formação e distribuição de novos especialistas, o que subsidiará a criação de novas políticas na área. Permite saber onde o médico se formou, qual sua especialidade e onde atua.

A universalização da residência médica integra as ações do Mais Médicos, que prevê, até 2018, para cada médico formado uma vaga de residência. Desde 2013, já foram autorizadas 4.742 vagas (38%) dentre as 12,4 mil previstas para formação de especialistas. Com as novas 3.000 vagas chega-se a 62% da meta. A ampliação das oportunidades para formação de médicos de família também cumpre à legislação do Programa que transformou a especialização nesta área em pré-requisito para a formação em outras especialidades.

IMPACTOS DO PROGRAMA – Também foi apresentado pelo Ministério da Saúde resultados dos avanços conquistados pelo Programa, que completa dois anos este ano. Dados inéditos da Rede Observatório do Programa Mais Médicos (14 instituições, incluindo 11 universidades) mostram que houve aumento de 33% no número de consultas realizadas nos municípios que participam do Mais Médicos, contra apenas 15% observado em cidades que não aderiram à ação.

Já a quantidade de internações em hospitais apresentou redução, o que aponta para a maior resolubilidade da Atenção Básica, de forma que muitos pacientes tiveram seu problema de saúde resolvido na Unidade Básica de Saúde sem necessidade de ir a um hospital. Nos municípios do Programa, entre 2013 e 2014, o número de internações caiu 4% a mais que nas demais cidades. Esse índice chegou a 8,9% nas cidades em que o Saúde da Família, com Mais Médicos, cobre mais de 36% da população. A expectativa é que em 2015 mais de 91 mil brasileiros deixem de ser internados.

Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), encomendado pelo Ministério da Saúde, aponta que a melhoria dos serviços também foi sentida pela própria população e pelos gestores locais. Entre os 14 mil entrevistados em 2014, 55% deram nota 10 ao Programa Mais Médicos, e a média geral foi 9. Além disso, 85% disseram que a qualidade do atendimento médico está melhor ou muito melhor, 87% apontaram que a atenção do profissional durante a consulta melhorou e 82% afirmaram que as consultas passaram a resolver melhor os problemas de saúde. Os gestores deram nota 8,4 para a assistência à saúde em seus municípios e 91% acharam que os serviços melhoraram.

Para o ministro da Saúde Arthur Chioro “O Programa é o resultado da consolidação de uma política de estado. Após 27 anos da criação do SUS, estamos conseguindo garantir o direito a atenção básica para todos os brasileiros. São 63 milhões de brasileiros beneficiados com o Mais Médicos e 134 milhões com atendimento básico em todo o país. Essa presença dos profissionais já traz resultados, com aumento do número de consultas e redução das internações nos municípios com médicos do programa.”

A infraestrutura na Atenção Básica também mostrou avanços significativos: 91% dos municípios do Brasil receberam repasse de recursos do Ministério da Saúde para construir novas UBS e qualificar a rede de unidades existentes através de obras de reforma e ampliação. Do total de 38 mil UBS avaliadas pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), ou seja, mais de 90% do total de unidades do Brasil, 71% passaram ou estão passando por obras de qualificação, sendo 77% com financiamento do Governo Federal.

QUALIDADE NA FORMAÇÃO – Também foram lançadas diretrizes para orientar as relações entre escolas de Medicina e gestões locais e estaduais do SUS, de modo a garantir a qualidade das atividades práticas de ensino executadas nos serviços de saúde. Essas relações serão formalizadas por meio do Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES), como parte das ações do Mais Médicos para viabilizar as mudanças no ensino da Medicina no país. As regras foram definidas em Portaria, após consulta pública que recebeu 125 contribuições dos cidadãos e setores interessados.

O Mais Médicos prevê que os estudantes de Medicina deverão cursar pelo menos 30% do internato – parte prática do curso – na Atenção Básica e nos serviços de urgência e emergência do SUS. A iniciativa também está expandindo a formação médica no país. Dentre as 11,4 mil vagas de graduação que serão criadas até 2017, 5.306 (46%) já foram autorizadas em 82 municípios, dos quais 27 não tinham graduação em medicina. Além disso, estão em curso editais para criar outras 4.447 vagas em universidades privadas em 63 cidades que não são capitais e não possuem faculdades de medicina.

“O Brasil, com base em critérios técnicos, está fazendo a expansão dos cursos de medicina com qualidade. A ampliação de vagas é um momento fundamental no programa e deve ser visto como uma ação estruturante para a educação médica. Juntamente com a chegada de médicos, as políticas do governo para a formação de mais médicos vão atender ao objetivo de longo prazo” finalizou o Ministro da Educação, Renato Janine.

Fonte: www.conasems.org.br