O Programa Nacional de Telessaúde foi criado pelo Ministério da Saúde com objetivo de oferecer apoio ao processo de qualificação dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF). Em caráter de programa de educação permanente, utiliza a teleducação e teleassistência como ferramentas de suporte para os profissionais da Atenção Primária à Saúde. Hoje, o Telessáude já está instituído em nove Estados brasileiros. A coordenadora do Núcleo no Estado do Rio de Janeiro, Alexandra Monteiro, professora adjunta de radiologia da da Faculdade de Ciências Médicas  da  UERJ, conversou com a IATS News sobre os objetivos e serviços oferecidos pelo projeto e o que o gestor de saúde pode esperar desse auxílio.

1. Como funciona a  teleducação e a teleassistência como ferramentas de suporte para os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS)?

Alexandra Monteiro – Com o suporte na infraestrutura do Laboratório de Telessaúde da UERJ, o Núcleo RJ promove aulas e seminários virtuais regulares e interativos onde os profissionais podem enviar dúvidas e comentários pela rede de internet, incluindo o acesso por alguns tipos de celulares. São também disponibilizados cursos de atualização à distância, certificados pela Universidade, com carga horária total de quinze horas.

Ao utilizar a teleconsultoria para uma segunda opinião em casos clínicos ou dúvidas gerais, o Núcleo RJ disponibiliza a interconsulta síncrona (teleconferência, em tempo real, pré-agendada através do site) e o  sistema web assíncrono (consultor tem até 72 horas para enviar  sua resposta). Para utilizar estas metodologias, o solicitante precisa antes se cadastrar no Programa pelo site. Estas duas metodologias aplicadas facilitam o acesso de todos os profissionais, pois podem ser selecionadas a qualquer momento,  dependendo  apenas da  boa qualidade e velocidade da internet do solicitante.

2. O que o gestor de saúde pode esperar? Como este Núcleo pode auxiliá-lo?

AM- O gestor pode esperar, resumidamente, a melhoria no atendimento da população do seu município, tendo em vista que os profissionais estarão em um processo permanente de capacitação e atualização, sem o afastamento prolongado do seu local de trabalho. Por outro lado, a possibilidade de envio de dados e imagens para uma segunda opinião, feita pela rede de telessaúde, pode acelerar o processo de atendimento reduzindo os deslocamentos no Sistema Único de Saúde. No período de junho de 2009 à junho de 2010, por exemplo, os resultados positivos da rede de telessaúde no estado do Rio de Janeiro demonstraram uma redução de 40% nos encaminhamentos de pacientes pelos municípios.

3. Como se dá a relação médico-paciente com a utilização da telemedicina/ telessaúde? Quem é o responsável pelo atendimento do paciente?

AM – Os Conselhos Federal de Medicina e de Odontologia já tem resoluções específicas que normatizam o atendimento quando é utilizada a rede de Internet. Em síntese nada é modificado. O profissional local é o responsável ético e legal pelo atendimento ao paciente. O que muda é a relação entre os profissionais que podem ter um teleconsultor especializado para dúvidas específicas notadamente na atenção primária.

4. Quais os resultados positivos já obtidos com a implementação desse sistema? Há quantos anos está em funcionamento?

AM – O Núcleo do Estado do Rio de Janeiro foi criado em 2007, mas iniciou sua atividades no final de 2008, após um longo processo de inclusão digital e implantação de uma rede estadual em telessaúde. Desta forma, no período de janeiro de 2009 à janeiro de 2011, cerca de 10.000 profissionais já foram beneficiados com as atividades de teleducação disponiblizadas. Algumas atividades, inclusive, integram nacionalmente os profissionais, como o programa de controle da hanseníase.

5. Quais são os projetos ou iniciativas futuras esperadas ou em andamento?

AM – Alguns desdobramentos positivos estão sendo consolidados com destaque à teleconsultoria especializada na telerradiologia. No Brasil há uma alta incidência de tuberculose onde a radiografia convencional do tórax pode auxiliar na facilitação do diagnóstico com consequente instituição imediata do tratamento. A telemedicina/telessaúde está diretamente relacionada à tecnologia, logo, a todo e qualquer momento, novas possibilidades estarão sendo incluídas.

Conheça mais sobre o Programa Telessaúde: http://www.telessaudebrasil.org.br/


Fonte: IATS/ Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde