O número de mortes, casos graves e notificações de dengue no Brasil caiu nos três primeiros meses de 2011, em comparação com o mesmo período de 2010. Balanço preliminar divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Ministério da Saúde mostra que, entre 1º de janeiro e 31 de março deste ano, foram confirmados 95 óbitos pela doença, em todo o país. No mesmo período do ano passado, foram 261 mortes – indicando queda de 64%.

A maior parte dos óbitos confirmados ocorreu no Nordeste – 32 casos, dos quais 20 no Ceará. Em seguida vêm as regiões Sudeste (27 casos confirmados, sendo 19 no Rio de Janeiro) e Norte (20 mortes por dengue, 12 delas no Amazonas). O Paraná concentra os dez óbitos confirmados na região Sul e Goiás, as seis mortes por dengue no Centro-Oeste (tabela 1). Um total de 123 óbitos suspeitos por dengue permanece em investigação.

CASOS GRAVES – As formas graves de dengue tiveram redução de 69% no primeiro trimestre de 2011. Foram 2.208, contra 7.064 no mesmo período de 2010. A região Sudeste concentra 1.260 casos graves confirmados – dos quais 1.064 foram registrados no Rio de Janeiro.

No Norte, foram confirmados 498 casos graves, sendo 407 no Amazonas. O Nordeste confirmou 315 casos graves, dos quais 123 no Ceará. No Centro Oeste, foram 88 confirmados (35 em Goiás) e, no Sul, 47 – a maioria no Paraná (46).

Tabela 1. Comparativo de casos graves e óbitos confirmados por dengue, Brasil, Janeiro –Março, 2011
 

DENGUE CLÁSSICA – O total de notificações de dengue clássica no primeiro trimestre de 2011 também foi menor do que o registrado no mesmo período de 2010. Os registros gerais da doença caíram 43% – de 448.701 para 254.734 (tabela 2).

Aproximadamente 68% de todos os casos do país (184.646) concentram-se em sete estados: Amazonas (36.841), Rio de Janeiro (31.412), Paraná (27.217), Acre (21.199), São Paulo (19.538), Minas Gerais (18.070) e Ceará (16.659).

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, observa que a redução geral no total de notificações, casos graves e óbitos por dengue não deve representar o fim da mobilização de gestores, profissionais de saúde e da população contra a doença.

“Isso [a redução no primeiro trimestre] não é motivo para baixar a guarda. O mosquito da dengue consegue sobreviver em ambiente seco por mais de 300 dias, quase um ano. Por isso, cada um tem um pouquinho de responsabilidade. A participação da população é decisiva. Na região Sudeste, por exemplo, 90% dos focos do mosquito estão dentro da casa das pessoas”, alerta o ministro Padilha.

Manaus (29.318 casos), Rio Branco (19.595) e Rio de Janeiro (11.934) foram os municípios que concentraram as notificações de dengue no primeiro trimestre de 2011. No Nordeste, destaque para Fortaleza (6.085); e, no Sul, para Londrina, no Paraná (7.554).

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa, destaca que, no momento, todas as regiões apresentam tendência de queda nas notificações. “A transmissão da dengue, em geral, se concentra no período de janeiro a maio, com maior concentração de casos no mês de março. Mas, em alguns estados, principalmente no Nordeste, ainda podem ocorrer surtos nos próximos meses”, adverte.

Tabela 2. Comparativo de casos notificados de jan a mar/2011, por Região e UF

UF
Janeiro a Março
2010
2011
% Variação
Norte
             45.445
           76.671
69
RO
             16.605
             2.418
-85
AC
             17.802
           21.199
19
AM
               1.247
           36.841
2854
RR
               1.109
                462
-58
PA
               3.348
             9.806
193
AP
                  733
             1.662
127
TO
               4.601
             4.283
-7
Nordeste
             31.440
           47.404
51
MA
                  558
             3.119
459
PI
               1.510
             2.791
85
CE
               3.883
           16.659
329
RN
                  422
             4.527
973
PB
                  729
             3.403
367
PE
               4.056
             5.320
31
AL
               7.452
             1.976
-73
SE
                    53
             1.035
1853
BA
             12.777
             8.574
-33
Sudeste
           209.820
           81.179
-61
MG
             91.674
           18.070
-80
ES
               4.803
           12.159
153
RJ
               6.231
           31.412
404
SP
           107.112
           19.538
-82
Sul
             17.207
           28.445
65
PR
             14.346
           27.771
94
SC*
                  114
                215
89
RS
               2.747
                459
-83
Centro Oeste
           144.789
           21.035
-85
MS
             44.785
             6.271
-86
MT
             28.193
             3.819
-86
GO
             65.067
             9.863
-85
DF
               6.744
             1.082
-84
Total
           448.701
         254.734
-43

Fonte: 2010: Sinan Net; casos prováveis, 2011: SES/UF
* Casos importados

SOROTIPOS – Entre janeiro e março deste ano, 3.187 amostras de sangue de pacientes com suspeita de dengue foram submetidas ao exame de isolamento viral – para identificar qual dos quatro tipos de vírus da dengue causou a doença. Ao todo, 610 (19,1%) deram positivo para a dengue, após análises realizadas pela rede nacional de laboratórios de saúde pública, coordenada pelo Ministério da Saúde.

Do total de amostras positivas, 73,1% (446) apresentavam o sorotipo DENV-1, predominante no país. O sorotipo DENV-2 estava presente em 12,9% (79) das amostras positivas e o DENV-3, em 1,5% (9).

O sorotipo DENV-4 foi encontrado em 12,4 % (76) das amostras positivas. Este sorotipo, que não circulava no país desde 1982, foi detectado no ano passado, nos estados de Roraima e Amazonas. Em 2011, o DENV-4 foi identificado em Roraima (34), Amazonas (24), Pará (11), Bahia (2), Pernambuco (2), Rio de Janeiro (2) e Piauí (1). No dia 4 de abril, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou uma infecção de dengue tipo 4.

Os quatro sorotipos virais da dengue estão presentes no país. Eles são transmitidos da mesma maneira (pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti), produzem a mesma doença, têm sintomas idênticos e requerem os mesmos cuidados e tratamento. “Não é necessário identificar o sorotipo que está provocando a doença, pois essa informação não muda os procedimentos médicos a serem adotados”, informa Jarbas Barbosa.

Para a população, a recomendação é eliminar os criadouros presentes no ambiente doméstico, como pratos de vasos de planta, calhas obstruídas e recipientes como embalagens plásticas e garrafas. Além disso, devem ser adotadas medidas de proteção contra a infestação pelo mosquito Aedes aegypti em locais como caixas d’água, toneis e outros recipientes de armazenagem de água.

Ao apresentar os primeiros sintomas da doença, como febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos, deve procurar o serviço de saúde mais próximo. E, fundamental, não se deve tomar remédio por conta própria, pois isso pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico.

As pessoas também devem estar atentas para os sinais de alarme que podem indicar o agravamento da doença, como vômitos persistentes, desmaios e dores abdominais intensas.

Fonte: www.saude.gov.br