Dois novos medicamentos contra hepatite C serão incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS). Mais modernos e eficazes, o Telaprevir e o Boceprevir devem beneficiar 5,5 mil pacientes, todos portadores de cirrose e fibrose avançada, que fazem parte do grupo de maior risco de progressão da doença e de morte. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (25), pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante lançamento de campanha nacional contra hepatites virais na Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Brasília (DF). “Essa é mais uma das atividades realizadas em conjunto com os atores do sistema saúde para romper com o silêncio em relação às hepatites virais no mundo inteiro. Esta é uma doença silenciosa sem sinais ou sintomas e por isso precisamos nos esforçar para ações de prevenção e diagnóstico”, disse Padilha

Confira a apresentação sobre hepatites.

O ministro ainda apresentou os dados epidemiológicos mais atualizados das hepatites A, B, C, D e E. Cerca de 33 mil casos de hepatites são notificados anualmente.

Com o tema “As hepatites podem estar onde você menos espera”, a campanha marca o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, comemorado no sábado (28). Prevê uma série de ações de diagnóstico e prevenção, entre as quais, a ampliação de testes rápidos de diagnóstico e a promoção de um concurso que vai premiar trabalhos artísticos realizados por manicures e tatuadores em unhas e tatuagens com mensagens de prevenção às hepatites. O concurso incentiva boas práticas para prevenção da doença em salões de beleza e estúdios de tatuagens, e divulgação de cartazes e folders orientando a população em diferentes locais e eventos.

Os novos medicamentos, direcionados ao tipo C, que devem estar disponíveis no SUS no início de 2013, e fazem parte da classe de inibidores de protease, a mais moderna para combater a doença em todo o mundo. O telaprevir e o boceprevir têm uma taxa de eficácia de 80% − o dobro do sucesso obtido com a estratégia convencional utilizada atualmente, que associa dois medicamentos, o Interferon Peguilato (injetável) e a Ribavirina (via oral), cujo tratamento tem duração de 48 a 72 semanas. Os novos medicamentos são administrados oralmente, e têm duração de até 48 semanas.

“Esse é um passo decisivo para o tratamento das hepatites que vai possibilitar aos brasileiros a oportunidade de receber o que há de melhor em relação ao tratamento das hepatites no país”, ressaltou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. No Brasil, há cerca de 1,5 milhão de pessoas infectadas pela hepatite C, que é responsável por 70% das hepatites crônicas, 40% dos casos de cirrose e 60% dos cânceres primários de fígado. Da infecção até a fase da cirrose hepática pode levar de 20 a 30 anos, em média, sem nenhum sintoma.

As hepatites são doenças graves que atacam o fígado, um dos órgãos mais importantes do corpo humano. Os cinco principais tipos (A, B, C, D e E) são causados por vírus que podem passar de uma pessoa para outra e infecta mais homens do que mulheres. A hepatite B é uma doença sexualmente transmissível (DST). E, assim como a hepatite C, pode ser também transmitida pelo sangue.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado nesta quarta, a hepatite B apresentou o maior número de casos entre todos os outros tipos nos últimos 14 anos. Foram 120,3 mil notificações de 1999 até 2011. A região Sudeste concentra o maior número: 36,3% do total, seguida da Sul, com 31,6% das notificações. A via sexual é a forma predominante de transmissão da hepatite B – 52,7% dos casos. A doença atinge principalmente a faixa etária entre 20 e 39 anos.

Em relação à hepatite C, de 1999 a 2011, houve 82 mil casos no Brasil. A maior parte dos infectados (90%) estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, com destaque para São Paulo e Rio Grande do Sul, com 56,9% (46,6 mil) e 13% (10,6 mil), respectivamente.

Já a taxa de incidência de hepatite A vem caindo consideravelmente, ano a ano, desde 2006, no Brasil. Enquanto em 2005, quando ocorreu o ápice da incidência, o número foi de 11,7 por cada 100 mil habitantes, em 2011 a taxa ficou em 3,6. Neste caso, a região Norte é a campeã, registrando 15,6 em 2011. No Sudeste a taxa foi de 1,5. A faixa etária mais acometida são crianças de 5 a 9 anos, que compreendem 36,8% dos casos notificados no país de 1999 a 2011 (50,9 mil casos).

A hepatite D só pode infectar pessoas que já são portadoras do tipo B. Entre 1999 e 2011, houve 2.197 casos, concentrados na região Norte (76,4%), Amazonas (37%) e Acre (29,3%).