A Secretaria de Vigilância em Saúde, em trabalho conjunto com as
Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, registrou 737.756 casos
notificados de dengue até a semana 17 de 2010. A distribuição dos casos
notificados de acordo com as regiões do país é a seguinte: Sudeste com
369.836 (50,1%), Centro-Oeste com 196.027 (26,6%), Norte com 71.610 casos (9,7%), Nordeste com 56.672 casos (7,7%) e Sul com 43.611 casos (5,9%).
Os estados com maior incidência da doença durante o período foram
Acre (3.636,0 casos por 100 mil habitantes), Mato Grosso do Sul (2.930,2 casos por 100 mil habitantes), Rondônia (1.657,3 casos por 100 mil habitantes), Goiás (1.350,8 casos por 100 mil habitantes) e Mato Grosso (1.128,0 casos por 100 mil habitantes).

Os Estados de São Paulo e Minas Gerais também se destacam pelo
total de 185.966 e 158.207 casos notificados, com incidência de 449,4 e 789,7casos por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses sete estados concentram78,3% dos casos notificados no Brasil nas 17 primeiras semanasepidemiológicas do ano.

Analisando as variações no número de casos, observa-se que 18 das
27 unidades federadas apresentam aumento no total de casos notificados nas17 primeiras semanas de 2010, quando comparados ao mesmo período de2009. Nessa comparação, a variação total chegou a 120,1%.

Cabe ressaltar, entretanto, que 28,2% do total de casos notificados no
país, até o momento, estão concentrados em oito municípios: Belo Horizonte-MG (6,5%), Campo Grande-MS (5,2%), Goiânia-GO (5,1%), Ribeirão Preto-SP(3,5%), Rio Branco-AC (3,1%), Betim-MG (1,8%), São José do Rio Preto-SP(1,5%) e Araçatuba-SP (1,5%), com exceção de Ribeirão Preto-SP e Betim-MG,todos apresentam tendência de redução. Com exceção de Campo Grande – MS,que no Levantamento de Infestação Rápido do Aedes aegypti – LIRAa, realizado em outubro/novembro de 2009, apresentou Índice de Infestação Predial (IIP)médio considerado satisfatório ( menor que 1%), os demais apresentaram situação de alerta (IIP entre 1 e 3,9).

Casos graves e óbitos

Até a semana epidemiológica 17 foram registrados 6.438 casos graves
de dengue (1.648 casos de Febre Hemorrágica do Dengue/Síndrome do Choque do Dengue e 4.790 casos de dengue com complicações), observa-se um aumento de 25,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 5.253 casos graves de dengue. Em relação aos óbitos foram confirmados pelas Secretarias Estaduais de Saúde, 321 óbitos, o que representa um aumento de 94,5% em relação ao mesmo período de 2009 (165) óbitos. Destaca-se que sete Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso doSul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Rondônia) concentram 5.319 (82,6%) dos casos graves. Estes estados, mais Pernambuco, registraram 281 óbitos(87,5%).

Sorotipos circulantes no país

O sorotipo 3 do vírus da dengue predominou na grande maioria dos
estados do Brasil entre 2002 e 2006. No período entre 2007 e 2009, observamos uma alteração no sorotipo predominante, com a substituição do DENV-3 pelo DENV-2. Essa alteração levou a ocorrência de epidemias em diversas unidades federadas, com um deslocamento de casos graves para menores de 15 anos. O monitoramento de sorotipos circulantes ao longo de 2009 apontou para uma nova mudança no sorotipo predominante, com uma recirculação importante do DENV-1 que passou a ser o sorotipo predominante nos Estados de Roraima (desde 2008), Mato Grosso do Sul e Piauí. A recirculação do DENV-1 alerta para a possibilidade de grande circulação desse sorotipo nos estados, onde a população não esteve em contato com o vírus desde o início da década.
Com a circulação do DENV-2, já vinha sendo observado um aumento da
proporção de formas graves da doença, particularmente em crianças e
adolescentes, inclusive com uma maior demanda por internações hospitalares. A repercussão da recirculação do DENV-1 deve ser acompanhada de perto pela vigilância da dengue em todos os níveis do sistema, uma vez que pode causar epidemias em virtude da baixa circulação desse sorotipo ao longo dessa década.
As atividades de monitoramento da circulação do vírus da dengue em
2010 no país demonstram a circulação dos sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-3. No entanto cabe destacar a presença do sorotipo DENV-1 em maior proporção de isolamento em relação aos demais sorotipos nos estados de Rondônia, Acre, Roraima, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, MinasGerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina (DENV-1 isolado em um caso importado), Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal (tabela 4). Este aspecto provavelmente está repercutindo diretamente na situação epidemiológica dos estados com ocorrência de epidemias a exemplo deRondônia, Acre, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Região Centro-Oeste

Considerando as 17 primeiras semanas epidemiológicas de 2010, a
Região Centro-Oeste notificou 196.027 casos, dos quais 80.055 (40,8%) se
concentraram em Goiás, seguido de Mato Grosso do Sul (69.170; 35,3%), Mato Grosso (33.859; 17,3%) e Distrito Federal (12.943; 6,6%).
Em Goiás destacam-se os municípios de Goiânia (37.950; 47,4%); e
Aparecida de Goiânia (7.323; 9,2%). Estes dois municípios apresentaram IIP de alerta no LIRAa nacional realizado em 2009 (tabela 8).
Das 69.170 notificações de Mato Grosso do Sul, até o momento,
38.245 casos (55,3%) estão concentrados em Campo Grande e Dourados
(4.560; 6,6%). Estes dois municípios apresentaram IIP satisfatórios no LIRAa nacional realizado em 2009 (tabela 8).
O Estado de Mato Grosso notificou 33.859 casos nas 17 primeiras
semanas de 2010, com destaque para os municípios de Rondonópolis (3.157; 10,4%), Cuiabá (3.338; 9,9%), Primavera do Leste (2.601; 7,7%), Sinop (2,483; 7,3%) e Barra do Garças (1.652; 4,9%). Apenas o município de Rondonópolis realizou o LIRAa nacional 2009, cujo IIP apresentado foi de alerta.
No Distrito Federal houve o registro de 12.943 casos notificados nas
17 primeiras semanas epidemiológicas de 2010, com destaque para as
seguintes localidades: Planaltina (4.182; 32,3%), Asa Norte (1.040; 8%), Itapoã (839; 6,5%), Taguatinga (665; 5,1%) e Sobradinho II (620; 4,9%). O IIP apresentado pelo Distrito Federal no LIRAa nacional realizado em 2009 foi de alerta.

Medidas adotadas pelo Ministério da Saúde

Mato Grosso do Sul

· Assessoria técnica em vigilância, controle de vetores e assistência em
janeiro/2010, com revisão do plano de contingência estadual e de Campo
Grande;
· Revisão do plano de ação para atividades de controle vetorial e visitas a
unidades de saúde;
· Adoção de estratégia de resposta coordenada para a SES e SMS de
Campo Grande;
· Envio de:
· Medicamentos: soro fisiológico (19.700 frascos), sais de reidratação (91.600 envelopes) e paracetamol (11500 frascos de 5ml e 275.000 comprimidos de 500mg);
· inseticidas, mídia localizada, e seis veículos com equipamento de
UBV da reserva estratégica.

Importante recordar que em julho de 2009, como preparação para o
período sazonal 2009/2010, o Ministério da Saúde, em estreita cooperação com o Conass e o Conasems, elaborou as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, com o objetivo de orientar os gestores e técnicos na adequação dos planos de contingência estaduais, regionais, metropolitanos ou locais. Estas Diretrizes foram distribuídas em todo o país, visando à preparação de todos os profissionais na área de assistência, controle do vetor e mobilização comunitária. Com estas Diretrizes, no dia 29 de outubro,foi lançada a Campanha Nacional de Combate à Dengue 2009/2010, em que
foram detalhadas todas as ações que deveriam nortear o enfrentamento da
dengue em todo o país.
Também nesta fase preparatória as seguintes medidas foram
adotadas:
– Incorporação de R$ 130 milhões nos recursos do Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS) para 633 municípios prioritários (população acima de 50.000 habitantes, áreas de fronteira, capitais, regiões metropolitanas e pólos) e para as 27 Unidades Federadas, com o objetivo de melhorar a capacidade operativa dosestados e municípios na intensificação das ações de combate ao Aedes aegypti.
– Investimento de R$ 40 milhões em campanhas publicitárias; R$ 10,5 milhões em equipamentos e insumos; R$ 860 mil para implantação das Unidades Sentinelas que utilizam o teste NS1 para triagem no isolamento viral; R$ 1milhão em medicamentos (paracetamol, sais de reidratação oral e soro fisiológico injetável); R$ 2,1 milhões em capacitação.
– Reunião do Ministro da Saúde com dirigentes de mídia de todos os estados do Nordeste;
– Reunião do Ministro da Saúde com governadores do Nordeste para reforçar ações contra dengue na região;
– Curso de Segurança Química realizado em Jaboticabal/SP com a participação de técnicos das seguintes UF: DF, RJ, RO, PI, MS, AC, SC, MT, PR, SP, MG, SE, PB, RN, TO, CE e da Bolívia;
– Implantação de Unidades Sentinela para triagem de amostras para isolamento viral de dengue utilizando o protocolo do teste ELISA NS1 em 16 estados (RJ, GO, ES, BA, SE, PB, PE, MS, CE, RO, RR, AC, AP, SP, PR e MG) com realização de supervisão em 13 estados.
– Substituição do larvicida Temephos pelo Diflubenzuron, em áreas com
comprovada resistência do Aedes aegypti: MG, GO, MS, PA, CE, RN, AL, SE eRJ.
– Capacitação para utilização de Diflubenzuron para as seguintes UF: RN, RJ, GO, MS, AC, PI, MA, PB, PE, ES, BA;
– Reunião da Rede Nacional de Monitoramento de Resistência do Aedes aegypti a inseticidas realizada em Fortaleza/CE;
– Elaboração de protocolo e seleção de municípios, em conjunto com a Fiocruz, para o estudo multicêntrico de avaliação de armadilhas para coleta de ovos e adultos de Aedes aegypti;
– Treinamento em análise de dados de dengue realizado em Olinda/PE, em
conjunto com a OPAS;
– Realização do Curso Internacional de Gestão Integrada, Prevenção e Controle da Dengue, em Belo Horizonte;
– Visita do Ministro da Saúde aos Estados do AM, BA, CE, ES, MG, MS, MT, PE RJ e GO para articulação e mobilização com gestores e veículos de
comunicação;
– Treinamento em Preparação e Resposta Coordenada no Monitoramento da Dengue, realizado em 15 e 16 de outubro, com técnicos estaduais de Vigilância Epidemiológica e dos Centros Estaduais de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS estaduais), de 16 unidades federadas;
– Realização e divulgação dos resultados do Levantamento Rápido de Índice do Aedes aegypti – LIRAa em 169 municípios em parceria com os Estados e municípios;
– Capacitação de profissionais de 16 UF na investigação de óbito por dengue;
– Distribuição de material (CD-ROM, manual, folder e cartaz) que orienta sobre aspectos clínicos, mitos e erros sobre a dengue, classificação de risco e manejo clínico dos pacientes suspeitos e organização dos serviços de saúde para 300 mil médicos, 292,4 mil enfermeiros e 1,3 mil operadoras de planos de saúde;
– Realização de reunião com dirigentes estaduais de vigilância em saúde,
assistência e Cosems, em Brasília;
– Realização de videoconferência com participação de 11 Estados para discutir a situação epidemiológica da dengue e medidas que estavam sendodesenvolvidas;
– Discussão dos planos de contingência para dengue com representantes das Secretarias Estaduais de Saúde e das Secretarias Municipais de Saúde das capitais dos seguintes Estados: MT, TO, RJ, ES, CE, PI, PB, PE, AL, MS, MG, RN, SE e AC.
Diante da possibilidade de maior circulação do DENV – 1 na região
Nordeste e inicio da fase epidêmica foi encaminhado Aviso Ministerial para osgovernadores da região e prefeitos das capitais com as seguintes
recomendações:
· Intensificar as supervisões de campo, visando garantir qualidade das
ações de prevenção e controle da dengue e assegurar o adequado
monitoramento da circulação viral;
· Estimular a implantação de ações intersetoriais para a redução dos
criadores do mosquito da dengue, particularmente o abastecimento
regular de água, a coleta de resíduos sólidos, assim como ações de
comunicação e mobilização da população, com a imprescindível
participação da área de educação e meio ambiente; e
· Atualização dos planos de contingência de modo a contemplar os
aspectos relativos à assistência aos pacientes para evitar óbitos, ampliar
a capacitação de pediatras, aumentar a cobertura e a integração com a
atenção básica e dar prioridade ao monitoramento da circulação viral.
Medidas de apoio adotadas pelo Ministério da Saúde em Estados
específicos