Ana Lúcia da Silva é mineira. Concursada como sanitarista, integra o corpo técnico da Escola de Saúde Pública do Mato Grosso do Sul. Mestra em Gestão do Trabalho em Educação da Saúde, especialista em Gestão do trabalho da Educação da Saúde pelo Curso Internacional de Política de Recursos Humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS) para os países andinos (CIRHUS) e especialista em Economia da Saúde pela Universidade de São Paulo – USP, Educação a Distância (EAD). Tutora e coordenadora estadual do Curso de Especialização e de Aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CGTES) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) na Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde no Ministério da Educação (MEC). Ana Lúcia também é representante da Secretaria de Saúde do Estado do Mato Grosso do Sul na câmara técnica de gestão de trabalho e educação da saúde do CONASS. A entrevista foi concedida ao jornalista Gustavo Sobral, membro do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Observatório RH-UFRN), em junho de 2015.
Observatório RH: Qual a situação da gestão do trabalho e da educação em saúde no Estado do Mato Grosso do Sul?
Ana Lúcia: Estamos vivenciando uma fase interessante. Quando fiz o CIRHUS, em 2008, a proposição para o trabalho de conclusão de curso foi a de implantar uma diretoria geral em gestão do trabalho e educação na saúde na secretaria de Estado, e agora em 2015 foi implantada a Superintendência Geral de Gestão do Trabalho em Educação em Saúde, que, para nós, está se descortinando em uma fase interessante e esperada, pois a gestão do trabalho em saúde e a educação do trabalho em saúde formaram uma superintendência única, e assim estamos numa perspectiva de melhorar a integração nas duas áreas.
Observatório RH: Qual a importância do curso de gestão do trabalho em saúde para o cenário nacional?
Ana Lúcia: Este curso de gestão de trabalho atende a expectativa de quem já milita na área há um tempo, tentando aumentar a massa crítica em relação ao trabalho das secretarias municipais de saúde para que deixe de ser um tema, uma abordagem teórica, para se transformar numa execução, na pratica.
Observatório RH: Qual a importância do curso de especialização em gestão do trabalho em saúde para o Mato Grosso do Sul?
Ana Lúcia: Por ser um estado relativamente novo, criado em 1974, e instalado na verdade em 1979, e os municípios serem pequenos, mais de 60% dos municípios tem menos de 20 mil habitantes, a estrutura das secretarias municipais de saúde é muito pequena, por isso, a gestão do trabalho acaba sendo centralizada na prefeitura e as secretarias municipais de saúde acabam ficando normativamente vinculadas as secretarias de administração do município e não a secretaria de origem. Por isso, voltamos o curso para os agentes da secretaria municipal, dos hospitais do SUS e da secretaria de Estado. A importância do curso é disseminar a gestão de trabalho para as secretarias municipais de saúde e os hospitais com o sentido de formar uma rede de informações estadual e assim não só fornecer referências aos gestores, mas também ao disseminar o conhecimento sobre o tema, estimular a implantação da gestão de trabalho nas secretarias municipais de saúde.
Observatório RH: Quais os projetos de intervenção você espera que sejam desenvolvidos como resultado do curso?
Ana Lúcia: A minha expectativa é que a grande maioria dos trabalhos seja de implantação de uma estrutura de trabalho nas secretarias municipais de saúde, porque as secretarias que tem um sistema de gestão do trabalho e uma estrutura adequada são as dos municípios maiores e também espero que haja o fortalecimento da implantação das mesas de negociação, proposta que já vem sendo trabalhada pela mesa estadual de negociação. Em resumo, vislumbro que sejam de fato trabalhos factíveis e voltados para essas duas direções, a implantação de uma estrutura de gestão e o fortalecimento da Mesa de Negociação.