Combate à obesidade e a adoção de hábitos saudáveis podem diminuir em até 30% o risco de desenvolver a doença, que é o segundo tipo que mais acomete mulheres

Os especialistas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estão preocupados com o excesso de peso corporal e o sedentarismo, fatores de risco não só para câncer de mama, como também para vários outros tipos de câncer e outras doenças. Cerca de 30% dos casos do câncer de mama podem ser evitados por meio de mudanças comportamentais. Manter o peso corporal, por meio de uma alimentação rica em alimentos de origem vegetal, ser fisicamente ativo e evitar bebidas alcoólicas estão associadas a um menor risco de desenvolver a doença.

O assunto é sério. O câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete mulheres no Brasil. Só para ter uma ideia da alta incidência da doença, este ano estão previstos 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil, de acordo com o INCA. Em todo o mundo, 2,1 milhões de casos novos foram estimados em 2018, isso representa 25% de todos os tipos de cânceres diagnosticados no sexo feminino.

Segundo a pesquisa Vigitel 2018, realizada nas capitais brasileiras e no DF, 53,9% das mulheres estão com excesso de peso e 20,7% estão obesas, proporções que cresceram muito neste século. A mudança de comportamento com a adoção de hábitos saudáveis é imprescindível para se evitar a doença. Como a obesidade vem disparando, a recomendação do Governo do Brasil é que todos se exercitem regularmente durante uma média de 3 a 4 horas por semana e adotem uma dieta saudável, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira.

Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos agentes estão relacionados ao desenvolvimento da doença, como: envelhecimento (quanto mais idade, maior o risco de ter a doença), fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (idade da primeira menstruação, ter tido ou não filhos, ter ou não amamentado, idade em que entrou na menopausa), histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, pouca ou nenhuma atividade física e exposição à radiação ionizante, em muitos casos causada por exames desnecessários, como raio-x. Entre os fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do câncer de mama, alguns podem ser evitados e outros não. O envelhecimento, o histórico familiar da doença e as mutações genéticas herdadas são fatores que não podem ser evitados.

FIQUE ATENTO AOS SINAIS

Os principais sinais e sintomas da doença são: caroço, geralmente endurecido e fixo. Ele pode doer, ou não. A pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito e a saída espontânea de líquido de um dos mamilos também são sintomas da doença. Além disso, podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços, nas axilas.

Quando o câncer de mama é diagnosticado ainda em fase inicial, as chances de cura, sem dúvida, são maiores. A professora Kellen Souza descobriu a doença com apenas 27 anos. “Jamais passou pela minha cabeça que eu pudesse ter câncer. Achei que fosse uma realidade muito distante, uma probabilidade mínima”, disse. O mero ato de esbarrar na mama, ao abrir o armário, causou estranheza à professora.

 “Quando senti um caroço duro, estranhei. Fui até o espelho e vi que um dos meus seios estava bem maior. Não dei muita bola, pensei que era algo relacionado com a minha menstruação e que em dois ou três dias voltaria tudo ao normal. Não foi bem assim…”, relata. “O caroço aumentou e ficou dolorido. Ainda assim, não passava pela minha cabeça que pudesse ser câncer. Eu me sentia bem, sou nova… Por que seria câncer?”

                                                                              

Kellen Souza, 27 anos, professora

Kellen não imaginava, mas tinha dois nódulos – um no seio e outro na axila – que representavam um tipo de câncer agressivo. “A gente nunca pensa que vai acontecer com a gente”, reflete a jovem professora. “Se cuidem! Mesmo que a possibilidade da doença seja mínima. Conversem com as amigas, cobrem os cuidados uma das outras”, alerta Kellen, que ainda luta contra a doença. Atendida no SUS, ela já passou por 11 sessões de quimioterapia, uma cirurgia no Hospital de Base de Brasília, além de fisioterapia e, agora o próximo passo é iniciar a radioterapia.

Além de estarem atentas ao próprio corpo, é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos façam mamografia de rastreamento a cada dois anos. Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes dos sintomas aparecerem. A mamografia nesta faixa etária, de dois em dois anos, é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento do câncer de mama. Isso é baseado nas evidências científicas, as quais demonstram que esta ação é considerada a melhor estratégia na redução da mortalidade.

DIAGNÓSTICO PRECOCE

Embora o tratamento do câncer de mama tenha evoluído bastante, a prevenção, aliada à detecção precoce do câncer de mama, são os caminhos indispensáveis para avançar no controle da doença no Brasil.

A mortalidade do câncer de mama no país é baixa se compararmos a outros países, como por exemplo, a França e o Reino Unido. E você sabe o motivo? É o acesso da mulher ao diagnóstico precoce e tratamento adequado logo que a doença é descoberta.  

Ouça aqui o que diz o médico sanitarista e epidemiologista, Arn Migowski, que é chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio a Organização de Rede do Instituto Nacional do Câncer (INCA), ele explica como foi possível essa redução.

Esse tipo de atendimento no SUS é regulado pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, tendo como objetivo garantir a adequada prestação de serviços à população que precisa de cuidados relacionados ao câncer de mama. Sendo assim, o Estado e/ou Município deve regular o acesso do paciente conforme a necessidade, realizando a programação das ações e serviços de saúde e alocando os recursos de acordo com a quantidade necessária de produção nos diferentes municípios.

Saiba mais: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/cancer-de-mama#deteccao-precoce

Fonte: www.saude.gov.br