O Brasil reduziu de 73.673 para 70.601 o número de casos novos de tuberculose entre 2008 e 2010 – o que representa 3 mil casos novos a menos no período. Com a redução, a taxa de incidência (número de pacientes por 100 mil habitantes) baixou de 38,82 para 37,99. São números positivos, mas que ainda fazem da tuberculose um dos principais problemas de saúde pública do Brasil, exigindo esforços para acelerar a diminuição do número de novos casos.


No país, a tuberculose é a terceira causa de óbitos por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com aids. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (24), em Brasília, pelo secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose.

Atualmente, o Brasil ocupa o 19º lugar no ranking dos 22 países que concentram 80% dos casos em todo o mundo. Nesta lista, quanto mais elevada é a posição ocupada pelo país, melhor é a situação. Com relação à incidência, o Brasil é o 108º colocado. “Nós acreditamos que, mantido o progresso atual, em cinco anos estaremos muito próximos de deixar o grupo dos 20 países com mais casos no mundo”, afirma o secretário.

A tuberculose é uma das doenças que devem ter indicadores reduzidos pela metade até 2015 em relação aos registros de 1990, conforme previsto nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Há duas décadas, a incidência da doença era de 56 casos por 100 mil habitantes e a mortalidade, de 3,6 por 100 mil. Até 2015, os indicadores devem chegar a 28/100 mil e 1,8/100 mil, respectivamente.

Jarbas Barbosa afirma que a meta de redução da mortalidade deverá ser atingida. Em 2009, a taxa ficou em 2,5 óbitos por 100 mil habitantes. Porém, quanto à incidência, Barbosa reforça que é necessário acelerar o ritmo de queda dos casos, embora tenham sido registrados números positivos nos últimos anos.

“A população deve ficar atenta ao principal sintoma da tuberculose, que é tosse por mais de três semanas, com ou sem catarro. Apresentando esse sintoma, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico. Se for tuberculose, o tratamento é iniciado imediatamente e a cadeia de transmissão é interrompida”, esclarece o secretário. Ele chama atenção para o fato de que o tratamento dura seis meses e não pode ser interrompido. Dessa forma, é possível obter a cura da doença e a redução da transmissão.

Em 2008, o percentual de cura foi de aproximadamente 73%. A meta do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), da Secretaria de Vigilância em Saúde, é atingir 85%, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entre 2002 e 2010, o volume de recursos investidos pelo Ministério da Saúde e estados cresceu 14 vezes. No ano passado, o orçamento total foi de US$ 74 milhões, contra US$ 5,2 milhões em 2002.

No ano passado, o Ministério da Saúde e o programa de saúde global financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates anunciaram uma parceria com o PNCT, em colaboração com a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), do Rio de Janeiro. O principal objetivo é validar um teste rápido de detecção da doença, cujo resultado sai em 1h30. Pela técnica tradicional, o diagnóstico demora 30 dias em média. O total de recursos investidos pela Fundação Gates, ao longo de três anos, será de US$ 3 milhões.

Em 2010, o PNCT iniciou um projeto-piloto, em parceria com as secretarias estaduais e 13 municípios da Região Sul, com o objetivo de sensibilizar e capacitar equipes de profissionais de saúde para melhorar o diagnóstico e o tratamento oportuno de tuberculose em pacientes com HIV. Um dos resultados esperados é a definição de um modelo de avaliação clínica das pessoas com HIV/aids para a detecção precoce da tuberculose. Isso porque a tosse por mais de três semanas nem sempre é o sintoma mais frequente da doença entre essas pessoas.

A agência do governo dos Estados Unidos para o desenvolvimento internacional (USAID, na sigla em inglês) repassou US$ 750 mil ao projeto, que conta com a participação da organização não-governamental MSH, responsável pela execução financeira junto aos municípios.

Foram selecionados municípios com prevalência de 20% ou mais de casos de HIV em pessoas com tuberculose, percentual considerado alto pelo Ministério da Saúde. No Rio Grande do Sul, o projeto beneficiará Porto Alegre e outros nove municípios da Região Metropolitana (Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Esteio, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Viamão). Em Santa Catarina, as cidades contempladas são Florianópolis e Itajaí; e no Paraná, o município de Paranaguá.

Fonte: www.saude.gov.br